RELATO DE UM PROTESTANTE ATEU

Ontem, quarta-feira, a convite de amigos, fui até o local do protesto pra ver de perto o perfil dos manifestantes e da organização. E não me surpreendi nem um pouco. O que é uma pena, já que detesto dar razão as minhas convicções.
Cheguei no horário combinado e não haviam decidido o rumo que tomariam. Até aí tudo bem. É preciso um contingente considerável para desbravar as ruas.
Passaram-se poucos minutos e a “luta” começou. E Começou errado: resolveram paralisar vinte minutos de toda pista sentido Serra-Vitória na Avenida Fernando Ferrari, o que foi suficiente para transformar o trânsito local em um inferno.
Motoristas desligavam seus veículos, motos subiam nas calçadas, passageiros desciam dos ônibus para seguirem a pé.
Ironicamente, a placa-mor do protesto era “Onde está nosso direito de ir e vir?”.
Deparei-me durante toda passeata, com um horda de “anarquistas”, “socialistas”, “comunistas” e “coisalistas” amontoados em uma pista, urrando e dançando ciranda, utilizando uma causa de certa relevância como panfleto das suas próprias ideologias.
Outra situação que se não fosse rídicula, talvez seria cômica: um MC que cantou funks não condizentes com o movimento e ficou cerca de dez minutos entre "O que quero é ser feliz..." e "Vida lôca" aqui e "Poliça" ali. Apesar de retratar fielmente o que o passageiro é obrigado a ouvir dentro do ônibus, achei deprimente a tentativa.
Sem falar de um grupo de punks (?), indivíduos mascarados e vestidos com roupas rasgadas, que pinchavam postes e ponto de ônibus com os dizeres "Pule a Roleta".
No decorrer da passeata ( ela  partiu da UFES e seguiu em direção a 3ª ponte), as pessoas que tomavam o microfone preocupavam-se mais em criticar a polícia do que demonstrar algum conteúdo que agregasse valor ao movimento.
No final do curso, fomos recepcionados pela BME e um lindo pastor alemão. Não conseguimos penetrar na rua que dava acesso ao pátio da Terceira Ponte e o incrível mesmo foi que muitos esperavam realmente chegar ao destino sem impedimento da polícia. Inocência à parte, eu ri.
Alguns planos improvisados surgiram mas não tinha jeito. A despedida era inevitável e os bravos rebeldes voltaram para casa a tempo de assistirem o Big Brother Brasil.